Após a cobertura da XX REFENO (Regata Recife-Fernando de Noronha), sentimos a necessidade de criar um espaço para a indústria náutica de médio e pequeno porte, isto é, de barcos, lanchas, veleiros, catamarãs e todas as outras embarcações que não se enquadrem na categoria de "NAVIOS".
O "Blog Barcos e Velas" vem justamente suprir essa lacuna entre os temas que trabalhamos neste blog (Portos e Navios em Pernambuco) e as outras embarcações. Foi como um impulso, uma corrente que nos levou a um novo desafio que é lidar com um tema totalmente novo para nós, mas que a XX REFENO serviu de laboratório, serviu de experiência para que possamos levantar âncora e navegar neste novo mar e horizonte a nossa frente.
Que todos sejam bem-vindos ao nosso novo desafio!
Lembramos que, tanto neste blog, como no "Barcos e Velas", aceitamos artigos, matérias, reportagens. Participe dos nossos blog's.
Milvo Rossarola - Web Blogger
Link para o Blog "Barcos e Velas":
http://barcosevelas.blogspot.com
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
domingo, 28 de setembro de 2008
XX REFENO - PARTE 11 - O grande dia...
O grande dia...
Chegamos logo cedo e fomos ao PIC fotografar os barcos com calma.
Muitos ainda adormeciam a bordo, mas outros tantos já estavam se preparando para enfrentar o mar para Noronha. Passamos diversas vezes pelos barcos e vimos as equipes se aprontando para a regata e, algumas ao ver a lente de nossa cam, acenavam, sorriam, faziam a maior festa.
Esta é a magia da REFENO: uma regata que une famílias e se torna uma grande festa, uma confraternização entre raças e povos. O dia estava lindo e o Recife Antigo vestido glamourosamente para a grande regata, para o grande evento.
Navegar logo cedo por entre veleiros e catamarãs foi um sensação ímpar. Nosso trabalho estava chegando a sua plenitude, como a vida daquelas famílias chegariam em breve ao aportarem na ilha de Fernando de Noronha. A largada em quatro baterias, foi o auge do evento em mares recifenses. O passeio e a apresentação de cada barco ao público presente mostra que a Refeno já faz parte do calendário de nossa cidade e dos eventos náuticos do país. Na verdade, a Refeno é o grande evento náutico brasileiro da atualidade no que se refere à regatas oceânicas... Era interessante ver o delírio do público a cada veleiro ou catamarã que se apresentava para ele. Era uma festa dentro e fora da água. Uma festa colorida pelas diversas velas cheia de cores dos barcos participantes. Só percebemos um barco com problemas técnicos, mas este conseguiu largar e fica a nossa torcida para que este chegue bem ao seu destino. Na questão de quem será o barco mais rápido, não acreditamos em novidades. Em breve faremos comentários específicos sobre isso. Cabe a nós desejar BONS VENTOS a todos e até a próxima matéria...
XX REFENO - PARTE 10 - A véspera da grande largada.

Todo o dia que antecede a um grande evento, é agitada, nervoso e trabalhoso! A Refeno não poderia ser diferente... Acerto dos últimos detalhes, das condições dos barcos, da compra de mantimentos... Enfim, uma correria de tripulações para um lado e para o outro. Estamos acostumados a organizar eventos na área educacional com um público relativamente grande, mas organizar uma regata é uma tarefa pra lá de complexa. Principalmente quando se trata de se relacionar com pessoas de diversas regiões do país e de outras nacionalidades. É uma infra-estrutura diferente da que estamos acostumados, mas percebemos que funcionou.
Este foi o dia que tivemos mais contato com os profissionais das diversas áreas que estavam atuando no evento.

Já percebia um pouco de cansaço, pois a jornada estava sendo longa. Percebi que para eles, a Refeno era um mundo que se abria. Para nós, o universo se mostrava diante de nós. Quando alguns barcos começaram a se deslocar para o PIC por causa da maré, começamos a sentir um pouco de tristeza: o evento está chegando ao seu final, pelo menos para nós que não viajaríamos para Fernando de Noronha...
Sabíamos que estávamos dando um passo com este nosso blog que jamais imaginaríamos dar. Novos mares a serem desbravados e navegados... Caminhar entre os barcos pelo cais do Cabanga Iate Clube, conhecer novas pessoas, novas estórias foi uma experiência sem igual, mesmo para quem já andou muito por essa vida...
Foram horas com famílias de velejadores e seus barcos...
Uma sensação maravilhosa...
Terminamos o dia, já era noite, no barco Aysso da família Schurmann realizando um velho sonho que era conversar com o Vilfredo e com a Heloísa. Mas isso é assunto para outro dia...
Agora a ansiedade estava concentrada na largada da REFENO...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008
XX REFENO - REGATA RECIFE - FERNANDO DE NORONHA - PARTE 9
Muitas pessoas têm nos ajudado nesse nosso trabalho na REFENO. Sem estas pessoas, jamais conseguiríamos realizar nossas matérias, nossas fotos. Nem terminou a REFENO, mas já agradeço a CLÁUDIA PROSINI - Assessora de Imprensa e a DANIELY da Assessoria de Imprensa.
Sem estas pessoas, jamais poderíamos estar realizando nosso trabalho. Nosso mais sincero agradecimento.
Milvo Rossarola
Aproveitamos para divulgar o site com algumas fotos tiradas por nós na XX Refeno:
http://picasaweb.google.com/andarilhope/XXREFENORegataRecifeFernandoDeNoronha#
Sem estas pessoas, jamais poderíamos estar realizando nosso trabalho. Nosso mais sincero agradecimento.
Milvo Rossarola
Aproveitamos para divulgar o site com algumas fotos tiradas por nós na XX Refeno:
http://picasaweb.google.com/andarilhope/XXREFENORegataRecifeFernandoDeNoronha#
XX REFENO - REGATA RECIFE - FERNANDO DE NORONHA - PARTE 8
FAMÍLIA SCHURMANN
Durante anos da vida deste blogueiro, esta família foi a verdadeira representação de aventura, determinação e aventura.
Já perdemos as contas de quantas vezes assistimos o filme O MUNDO EM DUAS VOLTAS que conta como a família refez a rota de Magalhães.
Para nós, conhecê-los era um grande sonho e este sonho foi realizado...
Nesta breve postagem, não vamos narrar o momento da entrevista, quero dizer, da conversa que tive com Heloísa Schurmann, até mesmo porque tínhamos um roteiro de entrevista, mas a emoção tomou conta de nós e foi mais um bate-papo do que propriamente uma entrevista.

Ter estado a bordo do AYSSO foi um momento mágico, indescritível...
Conversar com a Heloísa, matriarca dos Schurmann foi uma experiência inigualável.
Acreditamos que todo o processo foi uma sensação indescrítivel, uma experiência de vida que, ainda sob o efeito da emoção deste momento mágico, preferimos escrever uma postagem especial nos próximos dias.
Com bastante calma, reflexão e emoção, este sonho realizado merece ser escrito com um cuidado especial que, neste momento, não temos capacidade de escrever.
Os Schurmann eram seres intocáveis para nós por jamais imaginarmos que um dia iríamos conhecê-los e hoje eles são um exemplo a ser seguido, tanto pelos objetivos, como pela relação familiar que têm entre si...
Por enquanto, deixamos apenas algumas fotos para atiçar a curiosidade...
No timão do AYSSO!
Já perdemos as contas de quantas vezes assistimos o filme O MUNDO EM DUAS VOLTAS que conta como a família refez a rota de Magalhães.
Para nós, conhecê-los era um grande sonho e este sonho foi realizado...
Nesta breve postagem, não vamos narrar o momento da entrevista, quero dizer, da conversa que tive com Heloísa Schurmann, até mesmo porque tínhamos um roteiro de entrevista, mas a emoção tomou conta de nós e foi mais um bate-papo do que propriamente uma entrevista.
Ter estado a bordo do AYSSO foi um momento mágico, indescritível...
Conversar com a Heloísa, matriarca dos Schurmann foi uma experiência inigualável.
Acreditamos que todo o processo foi uma sensação indescrítivel, uma experiência de vida que, ainda sob o efeito da emoção deste momento mágico, preferimos escrever uma postagem especial nos próximos dias.
Com bastante calma, reflexão e emoção, este sonho realizado merece ser escrito com um cuidado especial que, neste momento, não temos capacidade de escrever.
Os Schurmann eram seres intocáveis para nós por jamais imaginarmos que um dia iríamos conhecê-los e hoje eles são um exemplo a ser seguido, tanto pelos objetivos, como pela relação familiar que têm entre si...
Por enquanto, deixamos apenas algumas fotos para atiçar a curiosidade...
XX REFENO - REGATA RECIFE - FERNANDO DE NORONHA - PARTE 7
A antevéspera de um evento é sempre uma correria. Com a Refeno não poderia ser diferente: barcos sendo ajustados, suprimentos sendo adquiridos, kit's sendo entregues...Enfim, uma correria total! Para nós que estamos fazendo uma cobertura breve do evento, víamos aquelas pessoas correndo de um lado para o outro, preparando tudo para o grande dia. Em alguns instantes, ficávamos apenas observando. Em outros, tentando entender o funcionamento de uma regata e seus preparativos. No dia de hoje tivemos uma conversa com a medalhista olímpica ISABEL SWAN. Entre repórteres profissionais, este blogueiro aqui teve a oportunidade de dividir a entrevista com os mesmos.

Isabel está em Recife para participar da regata, juntamente com família no veleiro VENTANEIRO ESTALEIRO ATLÂNTICO SUL e, entre os diversos compromissos que estavam programados para ela, descobrimos uma pessoa simples, simpática, que vem de uma família de velejadores. Esta é a sua primeira competição após as Olimpíadas de Pequim. Mas, imediatamente após a regata ela partirá para Portugal para participar do Match Race.

Com o pai ligado diretamente ao Estaleiro Atlântico Sul, Isabel pretende vir treinar em Recife. Atualmente ela está residindo no Rio de Janeiro. Para ela o momento é de grande desafio: após competir na Classe 470 nas olímpiadas, ela parte para uma nova categoria: a LASER. Apesar da Laser ser mais simples que a classe anterior, Swan considera um novo desafio, uma nova etapa de sua vida. Não resta dúvida alguma que ela será bem sucedida nessa nova empreitada e cabe a nós que fazemos este blog desejá-la boa sorte e sucesso.
Isabel está em Recife para participar da regata, juntamente com família no veleiro VENTANEIRO ESTALEIRO ATLÂNTICO SUL e, entre os diversos compromissos que estavam programados para ela, descobrimos uma pessoa simples, simpática, que vem de uma família de velejadores. Esta é a sua primeira competição após as Olimpíadas de Pequim. Mas, imediatamente após a regata ela partirá para Portugal para participar do Match Race.
Com o pai ligado diretamente ao Estaleiro Atlântico Sul, Isabel pretende vir treinar em Recife. Atualmente ela está residindo no Rio de Janeiro. Para ela o momento é de grande desafio: após competir na Classe 470 nas olímpiadas, ela parte para uma nova categoria: a LASER. Apesar da Laser ser mais simples que a classe anterior, Swan considera um novo desafio, uma nova etapa de sua vida. Não resta dúvida alguma que ela será bem sucedida nessa nova empreitada e cabe a nós que fazemos este blog desejá-la boa sorte e sucesso.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
XX REFENO - REGATA RECIFE-FERNANDO DE NORONHA - Parte 5 - A chegada do ADRENALINA PURA
XX REFENO - REGATA RECIFE-FERNANDO DE NORONHA - Parte 4
O mercado náutico está em plena ascenção!
A exigência de profissionais especializados se torna cada vez maior e isso percebemos nos bastidores da REFENO.
Existe um verdadeiro mercado, onde o profissional tem que ser cada vez mais especializado e experiente.
O nordeste sofre com a carência de cursos especializados para a área. Com isso, a demanda de profissionais também se torna reduzida.
Não podemos falar em números, mas estamos acompanhando na REFENO essa necessidade, até mesmo pela quantidade de profissionais estrangeiros nas embarcações.
Se faz necessária uma política de formação destes profissionais urgentemente na região nordeste, quem sabe até mesmo as instituições privadas desempenhem esta função.
É um mercado promissor e acreditamos que o nordeste deva ter urgentemente seus centros de formação de profissionais do mar.
XX REFENO - REGATA RECIFE-FERNANDO DE NORONHA - Parte 3
Ficar no cais do Cabanga Iate Clube procurando notícias, histórias de velejadores se torna uma aventura bem interessante, pois acabamos vivenciando uma vida que a grande maioria das pessoas tem vontade de ter, mas não fazem.
Navegar pela costa brasileira ou enfrentando os oceanos é um desafio para nós mortais, mas para estes homens e mulheres do mar, é uma atividade corriqueira. Encontramos famílias inteiras que fizeram dos seus veleiros e catamarãs suas casas e vidas.
Não temos idéia do que passa pelas cabeças destas pessoas que fizeram do mar sua moradia, mas escutamos histórias de aventuras, de viagens fantásticas, mas ao mesmo tempo relatos de momentos difíceis em tormentas no meio do oceano.
Para aqueles que não estão na beira do cais e que passam pela avenida em frente ao Cabanga Iate Clube, talvez só exista o glamour. Mas para aqueles que fazem parte da família dos mares, existe um preço a ser pago e as vezes ele é alto demais.
Mas, se alguém perguntar para um velejador, para uma velejadora e até mesmo para seus filhos se querem mudar de vida, tenho certeza que dirão um grande e sonoro "NÃO!"
"Navegar é preciso, viver nem sempre..."
XX REFENO - REGATA RECIFE-FERNANDO DE NORONHA - Parte 2
Por sugestão da Assessora de Imprensa Cláudia Prosini, tivemos uma breve, mas bem interessante conversa com este velejador solitário que terá dois tripulantes na REFENO.
Marcelo já é conhecido no meio náutico por navegar soltário no seu barco batizado com o nome MOLEQUE.
No trecho Florianópolis - Recife, Gusmão veio solitário. Navegador profissional, ele realiza ações sociais por onde passa e em Recife não foi diferente e, com certeza, quando estiver em solo Noronhense teremos mais uma vez o velejador engajado socialmente promovendo suas ações.
Ter conhecido este velejador para nós foi uma verdadeira honra.
Indicamos o site do Marcelo Gusmão para quem quiser acompanhar as suas andanças pelos sete mares:
www.marcelogusmao.com.br
XX REFENO - REGATA RECIFE-FERNANDO DE NORONHA - Parte 1
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Pré-sal!
Geralmente não publico artigos de outros órgãos de imprensa, mas este é muito importante. Foi publicado no Jornal Valor Econômico:
O Pré-sal e o Enigmático Futuro Brasileiro
Carlos Lessa professor-titular de economia brasileira da UFRJ
Toda profissão tem cacoetes lingüísticos. O geólogo brasileiro denomina os campos submarinos de petróleo existentes abaixo de um enorme e espesso lençol de sal de pré-sal. O geólogo ordena o mundo de baixo para cima. O sal dificulta e encarece a extração, porém preserva um óleo leve e de ótima qualidade.
Fortes evidências levam a crer que há 130 milhões de anos começou o Desquite entre África e América do Sul. No meio, surgiu um lago que, crescendo, dá origem ao Atlântico Sul. O material orgânico foi sepultado debaixo do sal; posteriormente, outros elementos se depositaram. A combinação de temperatura e pressão converteu a matéria orgânica em petróleo. Movimentos tectônicos deslocaram o sal; parte do petróleo migrou para cima das "janelas" de sal. A Petrobras localizou campos submarinos nestas janelas: Namorado, Marlin, Roncador e toda uma peixaria permitiram a auto-suficiência deste combustível. O óleo dessas jazidas não é o melhor - é pesado - porém é nosso; está em nossa fronteira marítima, pertence à Petrobras, e o Brasil é líder em tecnologia e ambições em águas profundas.
A Petrobras foi em frente. Perfurou ao longo do mar, desde Espírito Santo até a Bacia de Santos, em busca do pré-sal. Tudo leva a crer que Existam campos no mar em uma área de até 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura. As estimativas oscilam entre 30 e 50 bilhões de barris no pré-sal - não é um delírio nacional, esta é a avaliação do Credit Suisse.
Hoje temos 14 bilhões de barris provados. Com Tupi, Carioca, Júpiter e seus "compadres", chegaríamos às reservas atuais da Rússia e da Venezuela. O óleo do pré-sal é leve. O Brasil pode confiar nos geólogos, cientistas, engenheiros e tecnólogos que desenvolveremos a tecnologia para estes campos muito profundos e com espessas camadas de sal. Ao Eldorado Verde da Amazônia, descobrimos um Azul, no pré-sal; um novo Eldorado pelo brasileiro e para o brasileiro. Este é o sonho. Pode-se converter em um pesadelo.
Os EUA consomem 25% do petróleo do mundo. O grande poluidor bebe, todos os anos, sete bilhões de barris. Tem reservas pequenas, apenas para quatro anos. Por isto, tem tropas na Arábia Saudita (260 bilhões de barris de reservas), e frotas navais no Oceano Índico; estimulou o conflito latente entre sunitas e xiitas, promoveu Saddam Hussein e deu fôlego a Bin Laden. Com o primeiro, alimentou o ódio ao Irã (100 bilhões de barris); com o segundo, sustentou a rebelião dos afegãos contra a URSS. Após o 11 de setembro, destruiu os talibãs e, desde então, acusou o Iraque (100 bilhões de barris) de dispor de armas nucleares. Destruído Saddam, não se descobriu nenhum armamento não convencional. Transferiu, imediatamente, para o Irã a acusação de estar se nuclearizando. Os EUA mergulharam de ponta-cabeça no Oriente Médio, pois têm sede de petróleo - aliás, a China e a Índia também.
Até o pré-sal brasileiro, o Novo Mundo não poderia saciar os EUA; o México já foi depredado (tinha 52 bilhões de reservas e hoje está com 17). O Canadá tem muita areia betuminosa (custos extremamente elevados de extração). A Venezuela tem reservas insuficientes para a sede norte-americana. Alguns países ficaram sem petróleo: a Indonésia exportou, participou da Opep e vendeu seu óleo a US$ 3 o barril, hoje importa a US$100 o barril. O Reino Unido não é mais exportador de petróleo no Mar do Norte; bebeu e vendeu demais. Este é o pano de fundo de um possível pesadelo geopolítico. Não interessa ao Brasil que o Atlântico Sul se converta num Oriente Médio.
A primeira pergunta que ocorre é: o petróleo do pré-sal é nosso? Logo depois: até quando? O neoliberalismo já promoveu nove rodadas de leilões. A ANP - instituição que no passado seria denominada de "entreguista" - pretendeu acelerar uma nova rodada nos blocos do pré-sal. Com clarividência, o presidente Lula suspendeu a rodada e solicitou à ministra Chefe da Casa Civil que estudasse uma nova legislação de regulamentação da economia do petróleo. Creio que Lula anteviu um possível "Iraque" em nosso território. O presidente sabe que a Petrobras pode, técnica e financeiramente, desenvolver Tupi e outros campos do pré-sal. Sabe que não se brinca com soberania na "Amazônia azul". Nossa Marinha de Guerra precisa do submarino nuclear; nossa Aeronáutica precisa de mísseis e da Base de Alcântara, porém quem garante que não seremos acusados de belicismo?
Conheço a ministra Dilma desde os tempos da Unicamp. Sei que é nacionalista e bem preparada; ela sabe que o preço do barril irá subir tendencialmente. É uma boa "aplicação financeira" manter petróleo conhecido e cubado como uma reserva estratégica; rende mais que os Títulos de Dívida Pública norte-americanos. Um fundo soberano, alimentado com uma parcela das reservas cambiais de nosso Banco Central, poderia subscrever ações e financiar a Petrobras. É mais estratégica esta "aplicação" do que apoiar o Tesouro dos EUA. Dilma sabe que a China fura poços e os mantém lacrados, preferindo beber petróleo importado em troca de suas exportações. Certamente, a regulamentação não será elevar royalties e contribuições especiais sobre o petróleo extraído do pré-sal por companhias estrangeiras.
A premissa maior é reassumir a Petrobras como empresa estratégica para o futuro desenvolvimento brasileiro e escudo protetor de uma geopolítica potencialmente ameaçadora. Para tal, é necessário retirar da companhia sua medíocre missão atual: "honrar seus acionistas". Aliás, o Dr. Meirelles, com o desejado fundo soberano, poderia converter o Banco Central em "acionista", recomprando as ações que os governos liberalizantes venderam para estrangeiros.
A diretoria da Petrobras, em vez de saber a cotação da ação em Wall Street, deveria estar articulada com o presidente da República, expondo ao Brasil o modo de manter o Eldorado em nossas mãos.
Carlos Lessa é professor-titular de economia brasileira da UFRJ.
O Pré-sal e o Enigmático Futuro Brasileiro
Carlos Lessa professor-titular de economia brasileira da UFRJ
Toda profissão tem cacoetes lingüísticos. O geólogo brasileiro denomina os campos submarinos de petróleo existentes abaixo de um enorme e espesso lençol de sal de pré-sal. O geólogo ordena o mundo de baixo para cima. O sal dificulta e encarece a extração, porém preserva um óleo leve e de ótima qualidade.
Fortes evidências levam a crer que há 130 milhões de anos começou o Desquite entre África e América do Sul. No meio, surgiu um lago que, crescendo, dá origem ao Atlântico Sul. O material orgânico foi sepultado debaixo do sal; posteriormente, outros elementos se depositaram. A combinação de temperatura e pressão converteu a matéria orgânica em petróleo. Movimentos tectônicos deslocaram o sal; parte do petróleo migrou para cima das "janelas" de sal. A Petrobras localizou campos submarinos nestas janelas: Namorado, Marlin, Roncador e toda uma peixaria permitiram a auto-suficiência deste combustível. O óleo dessas jazidas não é o melhor - é pesado - porém é nosso; está em nossa fronteira marítima, pertence à Petrobras, e o Brasil é líder em tecnologia e ambições em águas profundas.
A Petrobras foi em frente. Perfurou ao longo do mar, desde Espírito Santo até a Bacia de Santos, em busca do pré-sal. Tudo leva a crer que Existam campos no mar em uma área de até 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura. As estimativas oscilam entre 30 e 50 bilhões de barris no pré-sal - não é um delírio nacional, esta é a avaliação do Credit Suisse.
Hoje temos 14 bilhões de barris provados. Com Tupi, Carioca, Júpiter e seus "compadres", chegaríamos às reservas atuais da Rússia e da Venezuela. O óleo do pré-sal é leve. O Brasil pode confiar nos geólogos, cientistas, engenheiros e tecnólogos que desenvolveremos a tecnologia para estes campos muito profundos e com espessas camadas de sal. Ao Eldorado Verde da Amazônia, descobrimos um Azul, no pré-sal; um novo Eldorado pelo brasileiro e para o brasileiro. Este é o sonho. Pode-se converter em um pesadelo.
Os EUA consomem 25% do petróleo do mundo. O grande poluidor bebe, todos os anos, sete bilhões de barris. Tem reservas pequenas, apenas para quatro anos. Por isto, tem tropas na Arábia Saudita (260 bilhões de barris de reservas), e frotas navais no Oceano Índico; estimulou o conflito latente entre sunitas e xiitas, promoveu Saddam Hussein e deu fôlego a Bin Laden. Com o primeiro, alimentou o ódio ao Irã (100 bilhões de barris); com o segundo, sustentou a rebelião dos afegãos contra a URSS. Após o 11 de setembro, destruiu os talibãs e, desde então, acusou o Iraque (100 bilhões de barris) de dispor de armas nucleares. Destruído Saddam, não se descobriu nenhum armamento não convencional. Transferiu, imediatamente, para o Irã a acusação de estar se nuclearizando. Os EUA mergulharam de ponta-cabeça no Oriente Médio, pois têm sede de petróleo - aliás, a China e a Índia também.
Até o pré-sal brasileiro, o Novo Mundo não poderia saciar os EUA; o México já foi depredado (tinha 52 bilhões de reservas e hoje está com 17). O Canadá tem muita areia betuminosa (custos extremamente elevados de extração). A Venezuela tem reservas insuficientes para a sede norte-americana. Alguns países ficaram sem petróleo: a Indonésia exportou, participou da Opep e vendeu seu óleo a US$ 3 o barril, hoje importa a US$100 o barril. O Reino Unido não é mais exportador de petróleo no Mar do Norte; bebeu e vendeu demais. Este é o pano de fundo de um possível pesadelo geopolítico. Não interessa ao Brasil que o Atlântico Sul se converta num Oriente Médio.
A primeira pergunta que ocorre é: o petróleo do pré-sal é nosso? Logo depois: até quando? O neoliberalismo já promoveu nove rodadas de leilões. A ANP - instituição que no passado seria denominada de "entreguista" - pretendeu acelerar uma nova rodada nos blocos do pré-sal. Com clarividência, o presidente Lula suspendeu a rodada e solicitou à ministra Chefe da Casa Civil que estudasse uma nova legislação de regulamentação da economia do petróleo. Creio que Lula anteviu um possível "Iraque" em nosso território. O presidente sabe que a Petrobras pode, técnica e financeiramente, desenvolver Tupi e outros campos do pré-sal. Sabe que não se brinca com soberania na "Amazônia azul". Nossa Marinha de Guerra precisa do submarino nuclear; nossa Aeronáutica precisa de mísseis e da Base de Alcântara, porém quem garante que não seremos acusados de belicismo?
Conheço a ministra Dilma desde os tempos da Unicamp. Sei que é nacionalista e bem preparada; ela sabe que o preço do barril irá subir tendencialmente. É uma boa "aplicação financeira" manter petróleo conhecido e cubado como uma reserva estratégica; rende mais que os Títulos de Dívida Pública norte-americanos. Um fundo soberano, alimentado com uma parcela das reservas cambiais de nosso Banco Central, poderia subscrever ações e financiar a Petrobras. É mais estratégica esta "aplicação" do que apoiar o Tesouro dos EUA. Dilma sabe que a China fura poços e os mantém lacrados, preferindo beber petróleo importado em troca de suas exportações. Certamente, a regulamentação não será elevar royalties e contribuições especiais sobre o petróleo extraído do pré-sal por companhias estrangeiras.
A premissa maior é reassumir a Petrobras como empresa estratégica para o futuro desenvolvimento brasileiro e escudo protetor de uma geopolítica potencialmente ameaçadora. Para tal, é necessário retirar da companhia sua medíocre missão atual: "honrar seus acionistas". Aliás, o Dr. Meirelles, com o desejado fundo soberano, poderia converter o Banco Central em "acionista", recomprando as ações que os governos liberalizantes venderam para estrangeiros.
A diretoria da Petrobras, em vez de saber a cotação da ação em Wall Street, deveria estar articulada com o presidente da República, expondo ao Brasil o modo de manter o Eldorado em nossas mãos.
Carlos Lessa é professor-titular de economia brasileira da UFRJ.
Enfim o Atlântico Sul inicia suas operações.

Na semana passada, o Presidente Lula esteve no Estaleiro Atlântico Sul em Suape - PE para o corte da primeira chapa de aço para a construção dos navios e casco da P-55 naquela indústria.
O ato simboliza o ressurgimento da indústria naval brasileira e sua independência também no setor.
Com o ato simbólico, o presidente deu início a construção dos dez Panamax, do casco da P-55 e ainda de mais dois navios encomendados por uma empresa holandesa. O Atlântico Sul ainda poderá receber parte da encomenda destinada ao Estaleiro Mauá do Rio de Janeiro em função do atraso no cronograma do mesmo.
Enfim, o estaleiro de Pernambuco é o único dos virtuais que já está em operação. Ainda poderá receber encomendas da segunda fase do programa da Petrobrás de construção de sua frota naval.
Agora é aguardar o desenrolar dos acontecimentos mas, sem dúvida alguma, o corte da chapa de aço pelo presidente Lula representa o ressurgimento da indústria naval brasileira.
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