terça-feira, 17 de junho de 2008

I Centenário da Imigração Japonesa - I Parte










Quando naquela manhã do dia 07 de maio me desloquei para o Porto do Recife para fotografar a Frota de Autodefesa japonesa para este blog, imaginei tirar umas fotos externas dos navios, pois sabia que não haveria menor hipótese de subir a bordo e o simples fato de registrar aqueles navios que pareciam terem acabado de sair do estaleiro e batido a quilha há poucos dias, já me seduzia e satisfazia. Era a primeira vez que tinha acesso por terra e sempre tive a idéia que vivemos em um país democrático, mas por uma questão de segurança, essas fotos deveriam passar pelo crivo prévio das autoridades competentes para que nada maculasse aquela oportunidade única que tinha em minha vida. Não é que esteja me submetendo à censura, mas determinadas fotos poderiam comprometer segredos militares ou a segurança do Porto do Recife e isso sempre respeitarei em virtude de leis e a confiança conseguida duramente por este blogueiro aqui.
Minhas fotos nunca seguiram os padrões fotográficos normais. Sempre procurei ângulos ou posicionamentos que geralmente os fotógrafos dos jornais comuns não fazem. Procuro fotos que não existem e, que muitas delas jamais serão publicadas até mesmo porque não sou do tipo que se expõe com as fotos tiradas. Quem sabe um dia não publico um livro com estas fotos. Por enquanto ficarão guardadas e trancafiadas a sete chaves apenas para o meu próprio deleite e talvez para o meu ego.
Terminada a seção de fotos, fui informado que haveria uma apresentação cultural dos membros da tripulação no Paço da Alfândega. Só na chegada ao referido local, tive a noção e descobri o motivo da presença da Frota de Autodefesa do Japão em águas brasileiras: a comemoração do centenário da chegada da primeira leva de imigrantes japoneses ao Brasil. Mal sabia eu que, inicialmente eram apenas fotos de navios, mas que depois se transformariam em uma matéria que está sendo escrita para este blog e que mudariam para sempre muitas das minhas concepções de vida e até mesmo sobre os japoneses. Percebi naqueles instantes antes de conseguir me comunicar com alguém da Terra do Sol Nascente que mais uma vez a história de dois países distantes geograficamente, mas tão próximos em seu modo de agir e ser, estava sendo construída por pelo menos mais 100 anos e eu estava ali como testemunha, como prova concreta da paz e humildade de duas nações...
Bem, isso é assunto para a segunda parte desta matéria.

I Centenário da Imigração Japonesa - II Parte
















Ao chegar ao Paço da Alfândega, minha primeira preocupação era encontrar alguém que falasse português e que pudesse me apresentar a algum militar da Frota para eu fazer as cinco perguntas duramente elaboradas porque meu inglês é do tipo macarrônico. Foi nessa hora que entrou em cena uma japonesa pequenina, magrinha, que talvez não se esperasse muito chamada Satoko.
Satoko foi a pessoa que serviu de contato direto com os japoneses e, sem dúvida alguma, responsável por esta matéria. Através dela conheci personalidades japonesas que irei citar mais adiante e obtive as informações necessárias para esta matéria que está sendo escrita uma semana depois da partida da Frota Japonesa, mas que continuará atual por longos anos, assim como a sabedoria japonesa na vida de nós, brasileiros, cidadãos do mundo, povo formado por diversas etnias que aqui convivem pacificamente. Não me interessa relatar ou fazer menções ao passado da metade do século passado. Faz-me ver um Japão como uma cultura de paz tão sonhada pelo nosso querido Nando Cordel. Em nenhum momento tive em minha mente aquele Japão que insistem em nos ensinar nas escolas. Eu vi um Japão de Paz e é este que retrataremos aqui.
Em minha conversa com a Satoko, ela me revelou que o evento fazia parte das comemorações do “Centenário da Imigração Japonesa” e pude observar em alguns banners que também se chamava “Ano do Intercâmbio Japão Brasil”. A programação era extensa e uniu as duas culturas de acordo com o folder que está nesta parte da matéria. A união entre duas culturas totalmente diferentes, mas que estavam se interagindo como se fossemos um só povo. Esta comemoração, de acordo com Satoko, foi decidida pelos representantes máximos de dos dois países há cerca de dois anos atrás e culminaria com a entrada da Frota de Autodefesa do Japão no porto de Santos – SP, no dia 18 de junho do corrente ano, justamente no dia em que o primeiro navio com imigrantes japoneses atracou no Brasil.
Realmente a chegada da Frota marcaria com chave de ouro as comemorações deste Centenário. A união de duas nações diferentes culturalmente e em outros aspectos sendo comemorado cem anos depois. Um povo que deixa seu país para ir morar em outro completamente estranho, diferente e talvez até mesmo arisco aos que chegavam. Mas foi um risco que os japoneses tiveram que correr e o resultado nós já sabemos. Talvez tenhamos ganhado mais do que ofertado, mas deixo isso para a sabedoria milenar japonesa...

CônsulGeral do Japão - Sr. Toshio Watanabe

I Centenário da Imigração Japonesa - III PARTE










MATÉRIA JAPÃO III PARTE
Em 1908, o Japão enfrentava uma das suas maiores crises econômicas e uma das saídas para a população era desbravar outros países e, entre eles, estava o nosso Brasil. Como já disse anteriormente, deve ter sido um choque cultural muito grande chegar a uma terra estranha, com uma língua estranha e uma cultura totalmente diferente das que eles conheciam. Era um desafio enorme a ser enfrentado e hoje, cem anos depois, a comemoração tinha a suave melodia da superação destes obstáculos. Durante toda a nossa matéria, todos faziam questão de agradecer a recepção brasileira aos seus ancestrais e a que tinham até hoje. Não parecia que, aquelas palavras saiam suavemente da Senhora. Satoko, do Senhor Cônsul Akira Suzuki e do Senhor Cônsul Geral Toshio Watanabe. Sentia-me humilde e ao mesmo tempo feliz por aquelas autoridades estarem agradecendo tudo aquilo a um povo como nós. Sentia-me feliz por ouvir aquelas palavras.
No Recife temos o Consulado do Japão em Boa Viagem e uma unidade de atividades culturais no bairro da Várzea. As apresentações programadas e realizadas no Paço da Alfândega tinham como objetivo justamente mostrar a cultura milenar daquele povo e unir a nossa cultura. A apresentação dos tambores mostrou disciplina, tradição e um forte apelo cultural.

A apresentação da Banda da Esquadra de Treinamento da Força de Autodefesa Marítima do Japão foi, sem dúvida, o melhor do evento. Além das canções tradicionais japonesas, tivemos a ousadia de tocarem “Desafino”, “Aquarela do Brasil” e “ Vassourinhas” entre outras.Para quem conhece um pouco de música, sabe que não é nada fácil tocar as músicas citadas, principalmente com a maestria e perfeição com que tocaram e fizeram o Paço da Alfândega ir ao delírio e êxtase ao som daqueles sons tão harmonicamente tocados. Os três destaques ficaram por um militar que cantou em japonês com uma voz suave feita a seda e ao mesmo tempo forte feito o trovão; ao baterista que nos presenteou com solos incríveis que deixariam muitos bateristas profissionais com a sensação que deveriam voltar ao conservatório de música e, por último, uma pequena japonesa na percussão. Esta tinha o talento inversamente proporcional ao seu tamanho, pois deu um show a parte e no final todos os presentes esperaram calmamente para tirar uma foto ao seu lado. Eu fui um deles que se encantou com aquela pequena notável. Simplesmente indescritível a cena e a sensação de presenciar aquela apresentação perfeita e magnífica como há muito não via.
Do lado brasileiro, tivemos as tradicionais apresentações de Maracatus e de Frevo que também foram espetaculares. Mas, encoste o ouvido perto do seu monitor e escute só entre nós: bem que nós também poderíamos ter aprendido um pouco da cultura japonesa e apresentar aos visitantes assim como fizeram conosco ao aprender nossa cultura e mostrá-la bem. Mas tudo bem faz parte do processo. A Japonesinha percussionista tão bem falado na matéria.


Enfim, a parte cultural do ESPAÇO ALFÂNDEGA MUSICAL BRASIL-JAPÃO foi um daqueles eventos que você contará aos seus amigos, filhos e netos através de fotos e filmagens cujos flashes estouraram aos montes. Parabéns aos que organizaram o evento.

I Centenário da Imigração Japonesa - IV Parte








MATÉRIA JAPÃO – IV PARTE
As conversas informais sobre a celebração com as autoridades japonesas foram repletas de informações, cultura e sabedoria.
Enquanto conversava com a senhora Satoko, ao meu lado dela estava sentado o Cônsul, o Senhor Akira Suzuki. Após uma conversa com o meu elo de ligação, o senhor Akira sentou ao meu lado e disse algumas palavras que certamente ficaram na minha mente para sempre:
”Desejamos que este evento contribua para fortalecer as relações de ambos os povos para os próximos cem anos. Devemos pensa em para o futuro e não só comemorar o Centenário da nossa chegada, mas sim os próximos cem anos que virão...”
Fiquei pensando nestas palavras. O Japão é dos países mais tradicional e ao mesmo tempo mais moderno do mundo.As palavras do senhor Suzuki me fizeram refletir que devemos olhar e aprender com o passado, mas jamais deixar de pensar no futuro, jamais deixar de olhar pra frente e lutar por um futuro melhor. Depois destas palavras talvez não tenha mais o que escrever, pois já havia tido o ensinamento do ano através da milenar sabedoria japonesa. Mas queria aprender mais. Ainda me faltavam as breves palavras do Cônsul Geral do Japão, o Sr. Toshio Watanabe.
Fui apresentado ao cônsul no final do evento e estava nervoso diante de tamanha autoridade. Inicialmente pensei que teria dificuldades em comunicação, mas logo percebi que o Senhor Watanabe falava espanhol e fizemos umas breves perguntas na língua de Cervantes.Ele me relatou que o objetivo dos eventos que estavam acontecendo em algumas cidades brasileiras, tinham como objetivo a comemoração do Centenário da Imigração Japonesa e, ao mesmo tempo, difundir a cultura nipônica ao maior número de pessoas possíveis.Basta dizer que foi a primeira vez que vi o Paço da Alfândega lotado.
Aquela breve conversa com o Cônsul Geral do Japão serviu para que refletisse sobre o respeito que temos com as diversas culturas e povos que aqui buscam vida nova. Senti-me na pele de um imigrante que chega a um país novo e tem que enfrentar todo um mundo hostil ao seu redor. Assim foi com meus bisavôs que vieram da Itália, assim foi com os japoneses, assim foi com os mais diversos povos que buscaram em solo brasileiro vida nova e fizeram deste país a verdadeira Torre de Babel com a sua multiculturalidade, com a sua convivência pacífica e terna. Na verdade me senti orgulhoso de ser brasileiro e ao mesmo tempo humilde por saber que estava diante de uma cultura milenar e que em nenhum momento se colocou superior a minha. Pelo contrário, o sentimento de agradecimento de uma nação ter recebido um povo tão diferente, mas tão necessário na formação do que hoje chamamos Brasil...

I Centenário da Imigração Japonesa -V










MATÉRIA JAPÃO – V PARTE

Enfim, fui à busca de algumas fotos de navios de guerra e encontrei uma cultura milenar que a partir daquela data mudaria minha para sempre.
Olhar para o passado como um aprendizado e celebrá-lo com respeito e carinho, aprender com ele. Olhar para o futuro tendo o passado como aprendizado. Construir uma relação de respeito e coexistência em um futuro que é o dia de hoje. O futuro é agora! O Japão faz o seu futuro ser o seu presente. Deve ser difícil conviver com uma cultura milenar e ao mesmo temo uma com o que há de mais moderno no mundo. Mas devemos ser assim: conviver com o passado e construir o futuro. Precisei estar envolvido pela sabedoria japonesa para aprender estas lições.
Que venham os próximos cem anos! Que venha o primeiro milênio da chegada dos japoneses ao Brasil! Que nossos descendentes jamais se esqueçam desse capítulo que nossos ancestrais construíram e que nosso filhos e netos deverão construir. Essa talvez seja a grande sabedoria que os japoneses deixaram para esse artigo.
Quando esse artigo estiver no ar, a Frota de Autodefesa Marítima Japonesa pode estar passa do pelo porto do Rio de Janeiro e no dia 18 atracará na data exata da chegada do primeiro navio de imigrantes japoneses ao Brasil. No dia 19 completo 37 anos. Meu maior presente já recebi: ter tido a oportunidade de ter contato com os japoneses e sua cultura.
Alguns devem estar se perguntando: “Esse blog é sobre navios. Onde estão?”
Diante de tamanha cultura e paz proporcionada pelos japoneses, resolvi não colocar fotos de navios de guerra, prefiro as fotos que demonstrem a paz, a harmonia e a cultura japonesa. Outros blog’s poderão publicar fotos tiradas da Frota, eu me reservei ao direito de não publicá-las. Viva a paz japonesa e sua cultura milenar. Sejam sempre bem-vindos às terras brasileiras. Que a nova imigração japonesa que está acontecendo seja para sempre. Vida longa aos que vêm da Terra do Sol Nascente...
Colaboraram e foram fundamentais para esta matéria as seguintes autoridades e pessoas:
· Senhor e senhora Toshio Watanabe, Cônsul Geral do Japão;
· Sr. Akira Suzuki, Cônsul do Japão;
· Sra. Satoko;
· Sr. Alexandre Catão, Presidente do Porto do Recife;
· Sr. Charles, responsável de plantão pelo porto no referido dia;
· A todos que, diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização desta matéria.
Senhor e Senhora Toshio Watanabe - Cônsul Geral do Japão
Senhor Akira Suzuki-Cônsul do Japão

I Centenárioda Imigração Japonesa -VI e Última Parte

Link's interessantes e pertinentes a matéria:


http://br.youtube.com/watch?v=NifdQ64EKzQ


http://picasaweb.google.com/andarilhope/CentenRioDaImigraOJaponesa